domingo, 18 de maio de 2014

Um quinto de meia maratona

E o que é que calha mesmo bem após 4 dias de trabalho intenso fora do país e mais de um mês sem correr? Ir correr os 20 km de Bruxelas, claro está.
 
O dorsal já estava descartado num lado qualquer, a cabeça já tinha aceitado que 25 euros iam mais uma vez ao ar e que eu simplesmente não estava em condições de ir correr uma meia maratona ainda lesionada e a um mês da grande viagem de bicicleta. Estava cheia de pena, não de mim mesma, mas de ir perder uma corrida tão icónica aqui do burgo e de me ir embora sem nunca participar numa corrida aqui em Bruxelas. Mas já estava decidido.
 
Até que tive a brilhante ideia de antecipar o meu retorno aos treinos, planeado para amanhã, para a corrida de hoje. Um treino de 20 km seria impensável mas o km 4 era quase à porta de minha casa... Que tal fazer só essa parte da corrida? Participaria à mesma, não haveria desperdício, e já não me sentiria tão indigna da próxima vez que vestisse a t-shirt oficial da corrida. Brilhante ideia.
 
Só havia um senão que era a possibilidade de eu não querer parar. Estou familiarizada com a felicidade barra loucura que a corrida inflige no cérebro, especialmente em corridas oficiais. E o km 4 era extamente o início da avenida plana e linda onde costumo treinar. Temia que o acordo acordado comigo mesma do "podes ir mas só até ao km 4" fosse destruído pelas endorfinas a circular por estar novamente a correr após tantas semanas e numa prova tão querida. O D. foi então recrutado para me puxar da multidão caso isso acontecesse.
 
Gostei muito quando 300 metros antes de passarmos a minha meta arranjada começo a ver os corredores a encaminharem-se para o túnel que passa por debaixo da avenida, em vez de corrermos pela estrada como pensava. Ai, ai, ai, que já fui, sei lá onde é que este túnel agora termina. Não terminou muito mais além do km designado e eu portei-me bem e encaminhei-me para o passeio para terminar por ali a minha prova. Não foi muito estranho, embora soubesse que estava a desistir e não porque estivesse quase a morrer. Mas acordos são acordos, especialmente connosco próprios, e eu tenho mil qilómetros para pedalar daqui a um mês.


Ainda assim, ter visto isto com os meus próprios olhos, numa rua tão familiar, e ter feito parte, valeria quase todos os tipos de lesões que pudesse ganhar.



S.

2 comentários:

  1. É muito, muito giro ver que:

    1. Te conheces muito bem (essencial para uma grande corredora);
    2. Te portas bem (essencial para uma grande corredora???);
    3. As pessoas são tão diferentes. Eu teria, das duas, uma: a) amuado e ficado enfiada em casa, ou b) corrido os 20 km e agravado a lesão.

    Numa nota à parte (devia escrever isto no outro blogue, mas já que aqui estou): corri ontem 15 km na ecovia do Algarve e fica já sabendo que aquilo está muito mal sinalizado. Ia fazer 12 km e perdi-me duas vezes. A vantagem foi que vi paisagens lindíssimas. E os dois enormes canzarrões (de 20 cm de altura) que me perseguiram não me roeram as canelas.

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  2. Portar-me bem é a minha especialidade, gostar tanto de correr é que nunca tinha sido. É mais de admirar a última do que a primeira, na verdade :) Ao longo dos 4 km deu para perceber que não conseguiria correr os 20, teria que desistir de qualquer forma. Não foi difícil cumprir o acordo.

    Quanto à Ecovia, já és a segunda pessoa com conhecimento de causa que me avisa sobre a má sinalização. O melhor mesmo deve ser esquecer essa via e ir pela estrada normal.

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